quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Cassandra Rios - Signos de uma mulher invisível

Foi no Encontro Nacional da Articulação Brasileira de Lésbicas que me relembraram com carinho e entusiasmo sobre a escritora Cassandra Rios.

A origem do pseudônimo  de escritora se dá pela vontade de expressar-se como Cassandra.

A produção literária singular é um álbum de retrato das extratos sociais e dos trajetos históricos que habitam o Brasil, e mais, pelos quais as mulheres brasileiras, as mulheres brasileiras lésbicas e/ou bissexuais e/ou curiosas passaram. Faz parte da memória brasileira.

É inestimável o valor de sua produção. As tiragens de seus livros nos anos 60 e 70, num país sem internet, e a voraz aceitação popular dissem de uma linguagem que acessa os corpos. 

Pornográfico era a classificação dada pela censura. Afinal, como uma mulher se atrave a criar e escrever em cima do desconhecido e quase silencioso mundo do prazer da mulher. E mais: fazer sucesso com isso? 

E, como julgar não é dado nesse espaço, cada qual que faça suas apostas.

Para quem quer conhecer, os livros de Cassandra Rios estam disponíveis no mercado de sebos, na internet e no mercado livreiro em geral. Procurem e boa leitura.

Alguns títulos:

Volúpia do pecado ( primeira publicação - 1948)

A paranóica (em 1980 foi para o cinema)



E para quem quiser ler mais sobre Cassandra:

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/leituras/sou-uma-lesbica

http://revistazingu.blogspot.com.br/2007/08/cassandrarios.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cassandra_Rios

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Da sensação difusa de medo...

Para aquelxs que querem lidar de verdade com seus próprios medos recomendo os seguintes mergulhos:

PEDAÇOS

Estou estilhaçada
silêncios saem da boca
mansos
estava desenhando
palavras
perdi o jeito de amanhecer

tenho tantos pedaços
que sou quase infinita

  

Vera Lúcia de Oliveira 


No Caminho com Maiakowsky
 
"Na primeira noite
eles se aproximam
e colhem uma flor
do nosso jardim
E não dizemos nada.
Na segunda noite,
Já não se escondem:
pisam as flores,
e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dizemos nada,
já não podemos dizer nada"

 Eduardo Alves da Costa

 
RITO DE PASSAGEM

Que sabemos nós
seres chorosos
à beira da morte
do outro?

Que sabemos nós
seres medrosos
à beira da vida
à beira de nós mesmos?

Que sabemos nós
da barca à espera
da passagem
do mistério?

Nada

Por isso tememos


Dalila Teles Veras
 


COMIGO ME DESAVIM

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor, da gente fugia,
Antes que esta assim crescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.

Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?


Sá de Miranda